Friday, October 29, 2010

Historietas de uma mesária

Em dia de eleição acontece cada coisa na seção de voto… Essa engenhoca ainda não está tão bem aceita entre todos os eleitores, especialmente os mais "tradicionais". Além disso, as opções de votos estão cada vez mais escassas, o que dificulta na hora de apertar os botões, sobretudo quando o sujeito resolve deixar para escolher o candidato somente na hora H.

Tem sempre um eleitor tipo o Sr.Gaspar, eleitor assíduo da seção. Homem meio rude e desempregado, chateado com os políticos, descarregou a sua raiva na maquininha, que não aguentou a dedada e, deslizando da mesa, caiu no chão. Ao vê-la prostrada, Gaspar parou, pensou nos governantes, preparou o pé e quase bateu o pênalti… Eu tive que salvar a pobre coitada e evitar que os outros na fila o linchassem (ou o agradecessem efusivamente com um abraço extremamente caloroso, quebrando-lhe os ossos).

O que nunca falta é a mãe com uma criança de 12 anos no colo… Putz! Como explicar a palavra lactante? Ok, ok… Tento sempre dizer que a criança DE COLO é aquela pequenina figura angelical, frágil, que ainda não sabe andar com as próprias pernas. Mas as histórias são tão longas e complicadas para tentar justificar o marmanjão agarrado ao seu pescoço, que o aumento da fila não compensa. Passo logo a malaca pra frente e pronto.

Certa vez, uma jovem, representante da mocidade brasileira, estava demorando muito para votar. Eu a interpelei sobre a demora. Na maior simplicidade, me disse que estava escolhendo o candidato mais "gatinho", através das fotos que apareciam na telinha. Em contrapartida, uma senhora já idosa solicitou um papel e uma caneta. Surpresa com o pedido informei que não era necessário, bastava teclar os números e, em seguida, a tecla de "confirmar". Foi aí que a velha senhora, do alto da sua sabedoria, disse o seguinte:

- O papel é para eu anotar o número do candidato, pois eu sei que ele não vai fazer nada por mim. Porém, quem sabe se eu jogar no bicho não posso ganhar alguma coisa.

Agora, o fato mais curioso que vi acontecer nas eleições não se passou em minha seção. Foi na família de um amigo, a família Pedreira.

Pedreira Pai, aposentado, é um senhor cônscio dos seus deveres de cidadão, morador da pequena cidade e conhecido por todos.

Na véspera do dia da eleição, ele já estava com os documentos todos separados e tinha também preparado a roupa para o grande dia. Queria votar de terno e gravata, pois dizia que era um acontecimento especial e merecia toda aquela pompa.

Ele lembrava o tempo que não havia eleições.

Pensando bem, Pedreira Pai tinha razão, "a democracia é o bem maior de uma Nação e o voto OBRIATÓRIO é a alma da democracia"

Todas as eleições, saia cedo de casa, não adiantava os filhos ou a esposa falarem. Ele sempre era o primeiro a votar somente para não perder a chance de inaugurar a urna cantante na sua seção.

- Querida não se preocupe vou lá, voto e logo, logo, estou aqui para comer a feijoada.

Claro, dia de festa merecia um prato especial e, de preferência, genuinamente brasileiro.

As horas se passaram e nada do Pedreira Pai chegar. A esposa já estava preocupada.

Os filhos procuravam mantê-la calma dizendo que o pai deveria ter encontrado algum amigo antigo e juntos deveriam estar fazendo boca de urna para ver quantos amigos ainda estavam vivos.

Quase 16:00 horas e nada dele... a patroa super nervosa. Os filhos foram no pronto-socorro, na delegacia, no cemitério... Nada!

Vendo aquele alvoroço um vizinho informou que tinha acabado de votar e viu que o Sr. Pedreira estava trabalhando como mesário.

Às 18:15, eis que ele chega em casa. Foi aplaudido por todos. Era um exemplo cívico para a família inteira! Chateado, ele explicou que havia faltado um mesário e como ele era o primeiro da fila, foi convocado na hora. Ainda falou:

- Que "rabo de foguete"! Pelo menos, ainda tem a feijoada.

Meio sem jeito, a Sra.Pedreira disse:

- Você demorou, o pessoal tava nervoso… A feijoada acabou.

- Não sobrou nada?

- Deixe-me ver… Hummm… só um rabicó de porco.

Thursday, October 28, 2010

Sentido

     Um dia desses, enquanto caminhava em meu jardim, fui questionada por uma amiga cega que perguntou-me:
     - O que é vermelho?
    Fiquei um pouco sem jeito, mas tentei explicar:
     - Vermelho é a uma cor forte, mas que pode ser encontrada na delicadeza de uma rosa.
     - Mas o que é a rosa? - indagou.
    Naquele momento, fiquei um pouco sem graça, pensando como explicaria tal conceito. Por sorte, estávamos passando por uma linda roseira, então tive a ideia de pegar-lhe a mão, fazendo-a tocar nas macias pétalas da flor. Ela respirou fundo, sorrindo. Como se um novo mundo tivesse sido descoberto, me disse:
    - Obrigada. Agora já sei o que vermelho...

Preciosismo

                 O fulvo e voluptoso animal celeste derrama além os fugitivos esplendores da sua magnificência astral e rendilha d’alto e de leve as nuvens da delicadeza, arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos.
                  
                 =

            O pássaro é lindo e enfeita o céu.

Wednesday, October 27, 2010

A entrevista

O cheiro de café forte invadiu a saleta onde dormia Maria, despertando-a de seu sono.  Sonhava com a entrevista que faria naquele dia: a tão esperada oportunidade de emprego parecia ter, finalmente, batido à porta. Estava fazendo uma prece de agradecimento a Deus, quando sua tia a apressou:
- Acorda menina, que daqui-lá é três condução.
Maria não esperou nem mais um momento. Bastaram vinte minutos para que tomasse banho, vestisse sua melhor roupa, engolisse o pão duro com um copo de café e chegasse ao ponto de ônibus. Naquele horário, a pequenina cobertura na calçada estava lotada. Mas não tinha problema. Também não tinha problema ir em pé, apertada, sacudindo dentro do circular.
Durante o caminho, a jovem pensava em sua família: a mãe, o pai, os quatro irmãozinhos... todos deixados em Arapiraca, interior de Alagoas, onde ela, com muito sacrifício, conseguira terminar o ensino médio.
- Não quero que cê trabaie na prantação de tabaco, fia. Cê vai pra São Paulo rumá um imprego mio – tinham sido as palavras incentivadoras de sua mãe quando, na rodoviária da capital alagoana, despediram-se.
Já fazia oito meses que Maria estava com sua tia. Havia distribuído currículos pela cidade inteira, mas ninguém lhe dera retorno. Não queria deixar escapar esta sua primeira chance. Aproveitou o longo trajeto para ensaiar as possíveis perguntas que seu entrevistador ia lhe fazer.
Perdida em seus pensamentos, nem percebeu que a condução – a terceira e última – avançara o ponto em que deveria descer. Rapidamente puxou a cordinha e saltou na parada seguinte.
- Por favor, como eu faço para chegar a esta firma? – perguntou a um transeunte, mostrando o nome da empresa escrito num papel, o qual não conseguia pronunciar.
- Ih, moça, tem que voltar um tantão para trás.
Preocupada em chegar atrasada, saiu correndo – correndo mesmo! – na direção indicada. E valeu o seu esforço. Faltavam dez minutos para as nove, horário marcado para o encontro, quando ela pôde vislumbrar o enorme portão, cujas letras douradas eram idênticas às que estavam rabiscadas no papel em sua mão. Preparou-se para pronunciar o português e apertou a campanhia:
- Bom dia. Por favor, poderia me informar como procedo? Vim para uma entrevista, marcada para as noves horas.
Um homem, que nada tinha de preocupado com o seu linguajar, respondeu-lhe:
- Ah, sim. Entra aí, moça. É só pegar uma senha comigo e ir ficar na fila.
Assim que pegou o papelzinho, número 1533, refilado à mão, Maria andou ao local indicado pelo porteiro. Tinha achado estranho o número alto, contudo, quando chegou à fila, compreendeu: provavelmente a primeira senha corresponderia ao número 1. Com a decepção em seu rosto, a lágrima quase descendo, ela pôs-se a esperar.
Agora os seus pensamentos eram outros, bem diferentes das ilusões criadas para aquela primeira entrevista. Era tanta gente para apenas algumas vagas. Tinha até alguns técnicos formados, outros universitários... Percebeu, afinal, que era apenas mais uma simples Maria em meio à multidão.

Bliss

Talvez seja uma escolha e dure por um momento
Pode ser que seja sorte, destino, acaso incerto
Mas acontece...
É o que sinto quando olho nos teus olhos
E os vejo sorrindo pra mim
É o que sinto quando me abraça forte
E o mundo inteiro para e ouve minha respiração

Thursday, October 14, 2010

Deus existe?

Essa é a pergunta que acompanha a humanidade há muito tempo... Há quem simplesmente deixou ou nunca acreditou; há os que acreditam cegamente sem ousar perguntar-se; há os que preferem pensar que sim como a forma mais plena da esperança de que tudo um dia melhore. Pois bem. Eu prefiro os fatos.

Quando vejo uma injustiça como a de uma criancinha passando fome ou sofrendo qualquer tipo de violência, por exemplo, fico inclinada a pensar que Deus não existe ou, pelo menos, não existe da forma como as religiões o pintaram: onisciente, onipresente e onipotente. Se Deus é todo bondade e todo poderoso como dizem e não faz nada para ajudar a corrigir nossas falhas que devastam a nossa raça, algo está muito errado. Ou ele não quer (e daí não seria tão bondoso assim) ou ele não pode (e, assim, não seria tão poderoso quanto pensam). O que ocorre, mais uma vez, é que o conceito sobre Deus foi totalmente deturpado pelos homens religiosos que o quiseram aprisioná-lo e reduzi-lo a uma divindade que nos vigia o tempo todo com o objetivo maior de um dia poder nos punir e, de preferência, nos mandar pro inferno. A partir daí, resolveram colocar umas regras. E, como os porcos de Orwell, vão adaptando-as para a conveniência da dominação. A fé foi mudando de direção. Não está mais em Deus, mas nas instituições que se julgam suas representantes na terra.

Pois “Deus é uma força estranha, é nosso pé na estrada, é uma voz dentro de nós”. Não me lembro onde ouvi isso, mas gravei. Gostei. Concordei. Deus não existe porque existe. Deus existe porque pode ser vivenciado, atestado, experimentado. Não em uma igreja ou porque alguém assim o quer, mas porque está em nós. É a força que impulsiona e motiva. É o que cria todos os sentimentos bons que temos. Ele está no milagre diário de sobrevivermos perante a violência, à corrupção e a tantos males criados por nós mesmos. Ele está na vontade que temos de fazer o bem para quem não conhecemos, na preocupação com os que precisam. Deus está também, na natureza e em sua perfeição. Ok, ok. Isso não prova nada. Talvez. Afinal, seria possível provar o amor? Como conseguir provar o que sentimos? Não amamos porque temos fé. Simplesmente amamos. Não amamos para sermos amados. Simplesmente amamos. Não amamos em troca de dinheiro. Simplesmente amamos. Isso é Deus agindo em nós. Deus é o que nos faz sorrir mesmo em tempos difíceis. É o que nos faz enxergar nossa pequenez e nosso egoísmo enquanto seres humanos.

Não quero convencer ninguém. Cada um precisa descobrir sua espiritualidade. Mas seria muito bom se todos percebessem o Deus que está em si e no outro. Já que o temem tanto e o respeitam, talvez o relacionamento entre as pessoas mudaria. Seria muito bom se todos percebessem que as divisões religiosas e as ideologias estão muito abaixo do que seja Deus. Que a verdade tão anunciada, na realidade, não tem muito sentido. Saber da existência de Deus é saber que estamos aqui para sermos felizes.

A terceira margem

A porta bateu e lá se foi meu velho pai
Tão pequeno e frágil eu era que não pude
Não pude compreender o que se vai
Nem sempre volta pra casa, pra nós
Ouvi o povo falar, comentar do que se foi
A canoa no longo rio de uma margem a outra
No mesmo ritmo, sem parar, sem voltar
Cada um que tentou, não se convenceu
Mas vi sonho, admirando o pai meu
Tracei minha vida às margens do Rio
Do pai eu vou cuidar em qual água, ainda mar
Mas só ouvia o silêncio da canoa, o sopro
Do vento e a corredeira do Rio, amiga fiel
Eu sempre na margem esperando algo sem saber
Sem nem imaginar o que poderia acontecer
Invernos, verões, primaveras, quantas delas
E eu a observar o meu pai envelhecendo no Rio
Um dia ele veio até a Margem, finalmente à Margem
Momento esperado, tanto tinha ensaiado, sonhado
Pediu-me que assumisse o seu o lugar na canoa
E eu estaria a navegar naquele mesmo rio longo
Andaria ele de uma margem à outra como fiz eu?
Tremor, temor, rancor, amor, não sei, não pude
Trocar de lugar com ele, já cansado do Rio, já
Cansado de tudo, já cansado das mesmas margens
Faltou-me coragem, faltou-me força, paixão
Mas a quem não faltaria?

Friday, October 8, 2010

As horas

As horas...
Demoram a passar
Insistem em se alongar
Não querem te trazer pra mim....

As horas...
Parecem parar
Ficam cada vez maiores
Não querem que eu vá até você...

As horas...
Tic-tac... Tic-tac
Num momento precisam ser vencidas
Tic-tac... Tic-tac
Por que hoje está ainda tão longe de amanhã?

As horas...
Tão cruéis são minhas companheiras
São elas que me distanciam
Mas em alguns tic-tacs me confortam
Dizendo que a hora de te ver está próxima...

As horas...
Tic-tac... Tic-tac…
Tic-tac... Tic-tac...
Mas ainda é sexta...
Mas ainda é final da tarde
Que venham todas as horas da noite
Que venham todas as horas da madrugada
E que venham todas as horas da viagem
Tic-tac... Tic-tac…
Até amanhã…

Eu tenho um ótimo gosto

Por que gostamos de entregar
Nosso coração a quem não o merece?
Porque o gostar não exige méritos...
Talvez fosse melhor olhar para
Quem também nos enxerga
Mas estaríamos fadados a uma vida
Sem inspiração, sem emoção ou luz
É certo que seria mais cômodo estar
Com quem tanto deseja nossa companhia
Entretanto, o brilho de nosso olhar desapareceria

Eu tenho um ótimo gosto:
Gosto do que é sincero
Gosto do que é autêntico
Mesmo que impossível
E gosto de sentir isso
Pois todo sentimento é possível

Por que gostamos de desperdiçar
O tempo com versos não lidos,
Não queridos, não valorizados?
Porque é a forma mais próxima
De sermos nós mesmos, sem qualquer temor
Por que gostamos de olhar para a pedra
E insistir em vislumbrar algo nela?
Por que a queremos tão especial
Se ela é apenas mais uma entre tantas?
Porque, entre tantas, ela é a única que
Traz cor e som, luz e inspiração

Eu tenho um ótimo  gosto
Gosto do que me traz paz
Gosto do que muito importa
Gosto de todo detalhe do olhar
Como poderia sofrer com isso
Já que tenho um ótimo gosto?

Wednesday, October 6, 2010

A palavra tudo

Avião, pára-quedas, roda, bicicleta
Espaço, tempo, chão
Luz, câmera, ação
Todas as coisas não cabem
Não cabem na mesma canção
As coisas do mundo não cabem
Não cabem num mesmo refrão
Mas estão aqui, estão contidas
Numa palavra de solidão

Tudo, o tudo que mata
Pode ser o tudo que constrói
Tudo, o tudo que é vilão
Pode ser um tudo herói

Arroz, panqueca, feijão, bisteca
Mola, pano, colchão
Moda, circo, pão
Todas as coisas não são
Não existem somente não
As coisas do mundo existem
Para nada mais do que senão
Serem companhia para salvar
O universo da solidão

Tudo, o tudo que nasce
Pode ser o tudo que morre
Tudo, o tudo que apaga
Pode ser o tudo que traz luz

Sol, estrela, casa, mansão
Manta, cadeira, paz, união
Areia, mar, sertão
Todas as coisas não cabem
Não cabem na mesma canção
As coisas do mundo não cabem
Não cabem num mesmo refrão
Mas estão aqui, estão contidas
Numa palavra de solidão
Tudo, tudo, tudo

Monday, October 4, 2010

Saudade Doi (autor: Miguel Falabella)

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.

Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania
de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet
e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...

A ratoeira

               - Que queijo gosto... - PLAFT! Estava esmagado.