Gente, que coisa horrorosa! Ontem fui com a minha vóvis pra aula do êmi-bi-ei. Ah, vóvis é como chamamos as avós quando temos muita intimidade e uma liguagem moderna hehehe... Então, mas gente, foi uma coisa horrosa ontem! A aula era sobre o meio ambiente, o que muito me interessa. Eu sei que sou uma formiga da cidade, que corre atrás das melecas, matinhos de jardins domésticos e cadáveres de pequenos insetos para sobreviver, mas vai que eu coma alguma coisa estragada, com inseticida demais, com veneno demais... vai que eu morra, né? É sempre bom me informar.
Bom, mas daí eu cheguei bem quietinha e comecei a ouvir aquele professor com o discurso mais lindo que eu já tinha visto! Ele falava sobre mil ideias de como recuperar e salvar o meio ambiente. Tocou num assunto que minha mamis ainda nem me explicou direito, cosumismo. Ele dizia, com toda a segurança, que não teria como os humanos seguirem comprando e usando tanta coisa... Essa parte eu adorei porque, nossa, eu nunca entendi, nunca vi um bicho comer tanto, ter tanto e precisar de muito menos como o o bicho-gente. Sei lá, eu sempre pensava que era algum problema da raça, defeito mesmo, sabe? Daí né, os alunos começaram a ficar com a cara feia... mais feia do que a cara da Joaninha, esposa do Thomas, quando me vê conversando com ele... Ah, o Thomas é um sapo, amigo meu ... Mas, então, daí o professor ficou lá falando essas coisas e, de repente, como num passe de mágicas, ele começou a falar em... dinheiro: que os alunos precisam entender e aprender sobre as leis, sobre recuperação e reciclagem não porque é bom para o mundo, mas é bom pra si próprios; que podem tirar muita vantagem e obter um lucro enorme. Gente, que coisa confusa! Se ele falou que os humanos precisam parar de consumir, o que vão, então fazer com tanto dinheiro? A minha vóvis fez essa pergunta pra ele, daí ele disse que acha que não há mal nenhum em se obter vantagem de um negócio desse. Ele dizia: “O meio ambinte é dinheiro. O meio ambiente é negócio”. Achei aquilo horrível!
O pior de tudo, tudinho, é que nem parou por aí. Começou a mostrar as normas e as leis que regulamentam e tornam as empresas “mais comprometidas” com a natureza. Gente, é coisa pra lá de mil formigas! É norma e detalhe que não acabam mais. E existem empresas que (adivinhem só?) ganham muito dinheiro conferindo cada coisinha, vendo o que a compania precisa fazer para se adequar. O triste é que muitas vezes a adequação é apenas um papel, uma promessa, uma “enrolada” (nós, formigas, dizemos “lesmadas” heheh); ou melhor, há muitos trâmites só para mostrar um papel, só que as chaminés continuam sem os filtros necessários, as águas com produtos químicos continuam a invadir o lençol freático e pequenos mananciais... Na região de Paulínia, olha que horror, o indíce de ozônio, monóxido de carbono e outras partículas poluidoras, ultrapassam os padrões de qualidade aceitáveis, por conta do parque industrial petroquímico e das excessivas queimas de cana-de-açúcar (aliás, gosto muito de cana heheh) na cidade. Isso está acabando é com a saúde das pessoas... http://www.paulinianews.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13956:poluicao-preocupa-moradores-de-paulinia-&catid=54:paulinia&Itemid=180
E na minha opinião de formiga, se é que conta alguma coisa, essa onda do “tudo verde”, vamos “reciclar”, “reaproveitar” é uma moda. Invadiu as empresas que tentam mais tratar da burocracia e justificar a necessidade de extrapolar com seus desperdícios e estragos, do que fazer algo efetivo em favor da comunidade que as cerca. Gente, é ou não é uma coisa horrosa?!