Wednesday, November 16, 2011

Programa de Índio

Campinas. Feriado. Tarde chuvosa. O que fazer? Uma boa parte da cidade decide procurar um dos vários shoppings da cidade para tomar um lanche... para ir ao cinema... para jogar conversa fiada com os amigos ou... sei lá-pra-quê. O fato chega a ser curioso, pois a nem a fila imensa no portão de entrada é capaz de afugentar os frequentadores, tampouco o congestionamento do estacionamento (a rima é até bonitinha, mas não há beleza alguma na prática), muito menos a fila do cinema, do lanche, da espera por uma mesa maior, a fila para validar (pagando-se, óbvio) o ticket de saída... Enfim, são tantos os motivos que me afastaram deste centro comercial por meses que, num momento insano tive a brilhante ideia de assistir ao psicótico "A pela que habito". Sabia o que ia enfrentar, mas, enfim... Uma vez só não faz mal. Tudo bem que dos vários guichês de antedimento no cinema, menos da metada funcionava. Tudo bem que das 4 máquinas de autoatendimento para comprar as entradas, somente duas operassem (aliás, uma apenas precisava de uma rélis bobininha de papel...). Tudo bem. É Almodovar! Vale a pena. E teria valido mesmo, não fosse pela saída conturbada do Shopping. Na saída, para aquela multidão, apenas 3 máquinas para validar o ticket do estacionamento. Não fazia diferença ser gestante, ter bebês no colo ou mais de 65 anos. Todos eram iguais e estavam à mercê das maquininhas que, vira-e-mexe, resolvem emperrar. Na longa fila que estive, fui informada, quando só faltavam umas duas pessoas antes de mim, que a máquina, embora informasse o contrário, não aceitava nada além de notas de dois reais ou moedas de um real. POr sorte, remexi a bolsa e encontrei as notas; outros não tiveram a mesma sorte e foram se aventurar em outra fila. Depois, a máquina emperrou. Engoliu um cartão e demonstrava que não largaria de jeito nenhum! Resolvi não deixar o shopping estragar minha beleza e rumei com meu namorado para uma outra entrada. Pelo menos não chovia e fomos caminhando por fora. FInalmente, após mais uma fila conseguimos exercer nosso direito (ou dever, nem sei mais) de pagar o estacionamento e sair dali. Que saudades do Windsor, Bristol, Jequitibás... Viraram igreja. Talvez seja bom passar para dar uma rezadinha para que algumas pessoas vejam a luz do bom senso.

Thursday, November 10, 2011

Eu também quero falar sobre o episódio da USP

Numa guerra há quem esteja  errado ou certo? Não. Óbvio. Cada um defende o que julga ser a verdade. Palavra chata e incômoda. Deveria ser banida de todas as línguas de nossa singela humanidade. Uns se sentem perseguidos; outros que devem perseguir. Mas cada um, cada grupo, com sua inquebrável verdade. Que ilusão pensar que autenticidade existe. Quebrar um prédio, enfrentar polícia, fazer um cartaz e ter um blog (como este, diga-se de passagem)...; Prender alunos, ser da polícia, dar entrevisat e fazer discurso...Ninguém tem um pensamento puro. Refletimos vozes, pensamentos e ideologias. Ninguém, em tempo algum, criou um pensamento único, inédito, puro de influências. O que se faz, todo o tempo é escolher uma corrente, ou um lado, uma estrada. Mas ninguém caminha sozinho. Claro, há quem se sinta vítima de uma perseguição platônica , se sinta um ser só lutando contra o famigerado “sistema”, ignorando de que, com isso, se torna ainda mais parte dele.

Por que sempre querem eleger o lado vencedor e perdedor? Mais uma vez: o certo e o errado? O bom e mau? Quem vai pro céu e quem vai pro inferno? Não gosto de alguns antônimos... São praticamente dêiticos  porque a todo o tempo mudam de lado, mudam de dono, mudam e se confundem. Assim como os conceitos... Nenhum dicionário dá conta de estabelecer significado para o que é distorcido e relativizado em favorecimento próprio. Afinal, o que é segurança? O que é protestar? O que é justiça? Estudiosos vão morrer tentando explicar e nem entre si concordarão. Cada um com sua linha. Ah, sim... E discussões conceituais não vêm de hoje. Com um pouco mais de inteligência os grandes filósofos da era clássica faziam isso. Passavam um bom tempo explorando possibilidades para conceituar os mesmos temas complexos que seguimos pensando entender. E a conclusão mais sensata que um certo Sócrates (não o jogador de futebol) chegou parece esquecida no meio dos grandes conflitos: “só sei que nada sei”.

O que acho mais interessante sobre a VERDADE (dos fatos, das coisas, da história etc etc etc), e agora é a minha vez de mostrar um pouco da minha, mesmo sem ter a intenção de convencer qualquer outro ser-com-suas-verdades a acreditar no que digo, é que se faz muito barulho pra pouca atitude. Sócrates preferiu beber um cálice de veneno para defender o que acreditava.Quem tomaria este cálice por sua verdade? O Governador? A polícia? Os estudantes da USP? Eu?