Monday, September 21, 2015

Intésis

Intésis di manhã cedo aqui to eu Pensando, cuidando, sonhando Intésis qui entre o sol pelo quarto meu I mi ponha di pé pra carregá Esse mundo Dimeudeus qui intésis também é meu Meu murmúrio intésis que alguém mi ôuvi Intésis alguém sempre há de ver um murmúrio breu Qui diz e que fala intéses se cê num morreu Itésis que chega a decisão de partir ou Ficar pra tudinho semear cas palavras deste céu Quem escreve intésis é alguém muito sabido E letrado e letrista mas que já se perdeu O poeta de tudo canté dia intésis morrer a lida Cria a palavra recria a rima inventa história Pracabá de vez com tesis de que nunca sabeu Intésis amanhã, Jura! Intésis bem depois, Nino! Intésis qui cê volte, intésis algum dia, Kiko! I vovoltá pra meus afazê intésis mi ver di manhã cedo Pensando, cuidando, sonhando

Friday, June 12, 2015

Dia dos namorados

Neste dia dos namorados, vi nada de bonito não: Vi foi gente que só serve E outros que são servidos; Vi a mesma cor marginalizada No trabalho pesado, maçante, acabado Enquanto outros comiam do melhor De seu esforço ignorado, oculto, invisível Pelo menos aos cegos do consumismo Que só sabem achar justo aproveitar Eu olhei para o prato e enxerguei O menino que o entregou subindo Não na vida, mas no ônibus lotado, suor na camisa Peso de carregar o mundo nas costas O mundo que quer ser servido por ele, É o mesmo mundo que bate no peito contra cotas E diz que o preconceito é coisa do passado Mas ao contar os servos e servidos Neste mundo aqui pequeno e resumido Só posso ver essa tal constatação: Branquinho é o patrão, o bacana do escritório ou chefão Os serventes ficam como um borrão de uniforme, sem nome Sem voz, sem vez, sacudindo-se como pode Para sobrevivem em um mundo que não foi feito pra eles Feliz dia dos namorados? Que a paixão ultrapasse dois e chegue a abraçar A quem raramente recebe um singelo olhar

Friday, December 20, 2013

Feliz Natal!

Eu gosto do natal! Sou cristã e ao longo de minha vida aprendi vários motivos para isso. Gosto da figura de Jesus. Do Jesus humano. Do Jesus histórico. Do Jesus revolucionário. Foi mais ou menos assim: o mundo estava preso a muitas regras, há tempos e tempos... Havia muitas pessoas julgando o outro, sobretudo os que se diziam detentores da verdade absoluta. Estavam aguardando as “profecias de Deus” acontecerem da forma mais espetacular e grandiosa possível. Os doentes e outras pessoas marginalizadas eram entendidas como merecedoras de seus castigos, de sua vida difícil. Com certeza algo muito abominável deviam ter feito para merecer tal situação. Bom, aí nasce Jesus. Exclusão desde o início. Não havia lugar para ele e, então, o evento que todos pensariam grandioso, foi o mais simples possível. Sinal de que devemos todos ser pobres? Não! Sinal de que não podemos deixar outras pessoas sem um teto, sem um lugar que se sintam seguras; não podemos deixar o outro sem dignidade ou perder o direito ao que é essencial à “vida em abundância”. Depois Jesus cresceu e começou a questionar. Gosto da figura questionadora de Jesus. Ele perguntava o porquê de tantas regras, de tanta exclusão! Por que o sábado devia ser guardado, enquanto muita coisa devia ser feita? Por que apedrejar a prostituta, ao passo que todos somos iguais, com erros e acertos? Eis que surge a lei de ouro da bíblia (especialmente vai para quem se diz seguidor do livro): “Amai-vos uns aos outros como a si mesmo”. Sim! Amar... porque quem ama, respeita, tolera as diferenças, luta em favor do outro, dos menos favorecidos, contra a desigualdade entre as classes. A mensagem era curta, simples e, embora difícil de seguir, de fácil compreensão. Só que começaram a distorcer tudo. Tudo voltou a ser regras e mais regras; “moral e bons costumes” voltaram a imperar e de uma forma mais intensa, mais excludente, mais arrogante. Hoje querem “curar” gays, pregar a prosperidade no melhor molde capitalista de exploração e exclusão, segregar insistentemente os “bons” dos “maus”. Os mesmos que dizem amar esse Jesus, gostariam de ver crianças presas, criminosos mortos, miseráveis mais miseráveis.Desejam o castigo eterno àqueles com outras formas de ver o mundo, outras experiências, crenças e convicções... É um show de incoerência do qual muito me envergonho. Jesus não falou de moralismo; falou de amor gratuito. Jesus não falou de caridade; falou de igualdade, de vida em plenitude e não o “fazer para sobreviver”. Jesus falou de benevolência, não de “bobovolência”; precisamos questionar, entender, lutar por um mundo mais justo e igual. Que neste natal, essas características de Jesus possam brotar em nossos corações. Que o maior presente que possamos dar uns aos outros sejam ações concretas rumo a algo novo, diferente, com menos fronteiras, preconceitos, diferenças... Não esperar um “céu”, mas fazê-lo acontecer agora na Terra. Minhas esperanças se renovam! Feliz Natal!

Sunday, October 13, 2013

Sou teu anjo

Resolvi pedir a DEUS pra que eu possa te guardar Ser teu ANJO protetor te velar e te cuidar Quando eu precisei pôs tua vida em mim DEUS permita-me ser teu ANJO aqui. Eu pedi pra DEUS gravar o teu nome em minha mão DEUS foi muito mais além te gravou em meu coração Já não posso mais esquecer de ti Tua vida DEUS transplantou em mim. Há um ANJO aqui que intercede por ti Trago um pedaço do céu num olhar pra te dar Há um ANJO aqui bem pertinho de ti Basta acreditar SOU TEU ANJO aqui. O teu nome DEUS escreveu em mim.

Friday, July 19, 2013

Pout pourri

E já dizia o poeta: “Quanta mudança alcança o nosso ser
Posso estar aqui, daqui a pouco, não”
Verdade certa, pois tudo muda rápido demais
Mas é bom ouvir seu consolo:
“Tempo de dar colo, tempo de decolar!”
Por que se há dois corações batendo,
Se a vida decide por si só emprestar vida
Quem sou eu pra julgar ou me julgar?
Agora é o momento de seguir em “transição”
“Recombinando atos”, pois nem “sou quem está aqui,
Sou um instante, passo...”
E que em meu desbravar, eu emane amor
Até o dia em que eu silencie, cale-me no tempo
E que só reste a lembrança os sons do sorriso
E de um pequeno coração acelerado

Tuesday, July 16, 2013

Onze anos

Hoje faz onze anos que minha estrela partiu
Para onde foi, não sei ao certo, mas
Eu estou aqui me empenhando pra ser melhor
Pra nunca mais ser tratada como qualquer coisa,
Como oportunista ou pessoa sem valor
Quero vê-la orgulhosa do que me tornei!
Estou aqui tentando seguir o que aprendi,
Valorizando os meus sentimentos, experimentando o inesperado,
Trocando todas as experiências do mundo, pela mais maravilhosa de todas
Com ela eu aprendi que as coisas mais simples são a felicidade,
Que, às vezes, não precisamos acreditar no outro, mas ter fé
Aprendi a ser grande, a ser pessoa humana, sensível
Aprendi a transportar em palavras o que está em meu coração

Minha mãe falava do amor... De todos eles...
Do que constroi, do que supera, do que espera...
E daquele também que não aprendeu a nadar e
Se afoga na primeira enchente...
Nunca, em tanto tempo senti tanta falta porque
Quantas verdades eu preciso ouvir,
Mas ouvir de quem me ama de verdade, de quem
Realmente quer o meu bem e minha felicidade

Mesmo não sabendo do que há depois,
Eu prefiro acreditar que sou ainda cuidada por ela, sim!
E nesta data eu sinto isso fortemente, pois é muito melhor
As dificuldades em meio à alegria, do que em meio à tristeza,
Ou à doença, ou na quebra da ponte
O coração vai ficando em paz porque essa estrela,
Mesmo que invisível, ainda brilha pra mim
São os exemplos, os sonhos, a humildade, a doçura, a força
De uma mãe que um dia quero ser

Saturday, June 22, 2013

Entendendo a onda de protestos com a ajuda de José Saramago

Em 1995 José Saramago publicou uma obra-prima, alvo de inúmeras interpretações e análises. Muitos trabalhos e ensaios surgiram associando-a a diversos contextos históricos, então, por que não utilizar suas discussões e abordagens para compreender melhor o momento pelo qual o país passa? O livro conta a história de uma cidade, cujo nome e localização são ignorados , a qual é acometida por uma epidemia de “cegueira branca”. Todos da cidade que passam a enxergar apenas uma brancura de superfície leitosa são isolados num antigo manicômio, onde revelarão todo o seu instinto pela sobrevivência. Apenas uma mulher consegue enxergar normalmente, sendo ela quem lidera um grupo para que fujam do lugar e tentem retornar para um lugar mais seguro, ajudando a todos por toda a história. Mas, no final...

“Há uma luz no fim do túnel”. “A luz da salvação”. “Por favor, me dê uma luz!”. A luz, como sabe-se, branca, está sempre associada a algo bom, que pode conduzir o indivíduo a alguma solução ou a um novo conhecimento. Saramago, entretanto, se utiliza da descrição de um excesso de luz para caracterizar a cegueira com a qual seus personagens são acometidos em “Ensaio sobre a cegueira”. Por que será? Quando se lê o título, espera-se que o autor aborde o tema, dando uma nova ou complementando e fundamentando antigas definições. Mas há uma desconstrução do que é conhecido. O fato é que a sociedade pós-moderna vive bombardeada por informações, imagens. Por inúmeros meios, de diversas formas, a todo o tempo, há uma exposição excessiva ao que ocorre no mundo. Essa iconofagia causa justamente uma verdadeira “cegueira” nas pessoas, que não têm mais tempo para refletir sobre o que é mostrado e estão submetidas a baixa qualidade do que é escolhido como notícia. Exato, estão todos cegos. O que deveria ser conhecimento, passa a ser um meio de manipulação e alienação coletiva. Assim sucedeu-se com as manifestações que tomam conta de todo o país. Um incentivo aqui, um hino nacional ali e pronto: as pessoas estão todas na rua e nem entendem mais o porquê.
Há de se recordar a personagem no livro que não ficou cega. Primeiro, ela tinha um desejo muito grande em manter-se com sua visão pela necessidade de ajudar a um grupo de pessoas que estavam sendo exploradas por um grupo dominante do manicômio; em segundo lugar, justamente seu desejo nobre e o seu pensamento coletivo, pelo bem geral, fez com que ela fosse uma testemunha da degradação humana. Sim, porque em meio à cegueira, não resta nada além de tentar lutar por sua própria sobrevivência, deixando de lado, o respeito, a moral, e convenções sociais. E o que se tem visto nesses últimos dias de protestos? Um grupo dominante (representado pela direita mais conservadora) deixando de lado a Consituição Federal, passando a expulsar e cercear o direito das pessoas se organizarem em partidos e levantar suas bandeiras. E a repressão vem da forma mais desumana que se poderia supor. Outra coisa que se vê no grupo dos “atuais cegos”, é que cada um luta por  seu próprio interesse. Tem quem seja contra a PEC 37 (mesmo que não saiba muito bem que é isso); tem quem queira o fim das bolsas sociais; tem aqueles que querem que o técnico escalte Ronaldinho Gaúcho para a Copa do Mundo; tem quem não queira mais a Copa do Mundo; tem de tudo!

O livro vai mostrando a decadência humana, a qual é representada nos protestos atuais pelos atos violentos e de vandalismo. Não resolve o problema, tampouco se atinge o objetivo. No caso da história deste grande mestre, a meta principal era sair do manicômio e tentar voltar pra casa ou algum lugar mais seguro com comida e um meio mais digno de vida. Só conseguem porque encontram na mulher que enxerga uma líder forte e capaz de ajudá-los a se organizar o suficiente para o seu intento. E, trilhando um caminho árduo, o que representa a busca por um conhecimento mais profundo, chega-se a casa da tal mulher onde ela os ajuda a limpar-se, a comer e superar o trauma, a ponto de um a  um voltar a enxergar. Uma visão otimista para o problema crônico de alienação: tem cura. Procurar ler vários pontos de vista a respeito do mesmo tema, conhecer a história e conhecer a si próprio enquanto ser social, são pontos que ajudam numa percepção mais fiel da realidade e pode ser a cura para a cegueria em massa que toma conta do país. Não é porque a Globo achou legal essa história de abraçar a bandeira do Brasil e cantar como num estádio de futebol que devo também tomar parte. E, voltando à última cena do livro de Saramago, um alerta. Após um a um começar a voltar a enxergar, a heroína, que durante todo o tempo se manteve firme em sua escolha de possuir a visão, passa a ser, ela, a cega. Isso mostra como a cegueira social é também uma fuga. É muito mais fácil seguir a massa, um pensamento de senso comum do que ser diferente, defender minorias, pensar na coletividade e viver de forma coerente com o que se acredita, mesmo que signifique contrariar o que a mídia e o resto da população pensam.