Wednesday, November 28, 2012

As coisas mais importantes da vida

Há dias em que queremos apenas um colo pra deitar, um peito para repousar a cabeça cansada... Há dias em que apenas queremos uma tarde para uma caminhada com a pessoa certa ao lado segurando em nossa mão, um sorvete no banco da praça, um olhar para o céu chuvoso ou estrelado. Há certos dias em que a comida mais simples é a desejada porque vamos saboreá-la na melhor companhia, e depois dividiremos o cafezinho, a bolachinha que derrete na boca... Há dias em que queremos ler um bom livro, só para depois contar como a história estava boa e dar boas risadas juntos, ou discutir o tema sério abordado... Há dias em que apenas queremos sair por aí, sem destino, sem planos, só com a mochila nas costas e nosso amor como guia... Há certos dias... Há certos dias em que levantamos da cama e, como num passe de mágicas, nos damos conta de que essas são as coisas mais importantes da vida.

Friday, November 2, 2012

Homônimos e Parônimos

O que eu mais quero nesta vida
É acender uma boa idéia
Para ascender na profissão
Usaria uma broxa e então pintaria
Talvez uma brocha e pregaria, então
Sei que se muito eu sevar
Vou cevar todos os meus sonhos
Mas não quero me cegar
E minha essência não vou segar
Um dia, como um Xá eu vou estar
Em meu palácio tomando chá
Nunca caçado, tampouco cassado
Estático em minha posição, posso
Ficar extático em meus pensamentos
Tudo poderia: taxar para o luxo manter;
Tachar para conservar todo o meu poder
Agora vou pegar aquela velha maça
Misturar tudo e fazer uma massa só

Mas sou um cara decente que
Descende de família eminente,
Sem qualquer iminente mal
Afinal, o meu único pleito
É para que um dia te faça um preito
E torne sorte o que hoje é azar
Para enfim desejar o teu corpo inteiro
Sem medo, sem temor, sem receio

O que mais desejo nesta vida
É ter um assessório para me orientar
A escolher sempre o melhor acessório
Pois não sei se me serviria o aço
Ou se asso o que não mais quero
Já também não sei onde pôr o acento
E naquele assento fico a esperar
Uma pessoa tão sédula que consiga
Me enxergar além do que é cédula
Pois tudo agora parece forte cerração
Com uma serração quase a me recortar
Talvez seja apenas uma sessão de nostalgia
Sem cessão de alegria na seção da euforia 
E minha última esperança é ir ao concerto
Para ver se conserto tudo o que não sou

Mas sou um cara decente que
Descende de família eminente,
Sem qualquer iminente mal
Afinal, o meu único pleito
É para que um dia te faça um preito
E torne sorte o que hoje é azar
Para enfim desejar o teu corpo inteiro
Sem medo, sem temor, sem receio

A mulher que conheci

Certa vez conheci uma mulher muito doce e que tinha o amor no olhar.  Ela nunca precisou falar muito comigo, pois só do jeito dos seus olhos percorrerem os meus, já conseguia adivinhar o que ela queria de mim. Era uma mulher muito sonhadora, que adorava escrever os seus pensamentos em papel, muitas vezes, se permitindo espalhá-los pela casa inteira. Mas era tão transparente e tinha atitudes tão concretas que sempre era possível ter a certeza do que ela pensava. Tinha uma simplicidade tão admirável... Não me lembro de tê-la visto reclamar de suas más condições financeiras ou por não poder ter algo material. O seu único sonho de cunho materialista era ter uma casa; não uma mansão, nem um barraco: uma casa digna onde pudesse manter-se como dona. Aliás, não sei se conhecerei uma mulher tão dedicada à família como esta. E não era obrigação, pois, por vezes, houve possibilidade de deixar de ser uma “dona-de-casa”, mas era uma vontade de cuidar da família, de ter certeza de que todos comeram bem, e estavam vestindo as roupas mais limpas do mundo ou, ainda, se estavam confortáveis em casa. Realmente, era uma mulher encantadora e conquistava a todos com o seu jeito sincero de ser. Estava sempre rodeada de gente por isso. Não houve nada nesta vida que esta mulher não tenha perdoado. Logicamente, houve quem a tenha magoado, talvez até sem intenção, ou por achar que haveria um tempo posterior para desculpar-se ou mudar de atitude com ela. Mas em seu último olhar, o qual presenciei, havia um amor maior ainda, como se estivesse fazendo, de alguma forma, um último sacrifício por aqueles a quem tanto amava. Aos domingos havia um encontro secreto no quarto desta mulher. Seus filhos e esposo ficavam horas amontoados na mesma cama contando os fatos da semana. E, quando necessário, esta mulher mostrava toda a sua sabedoria. Obviamente ela tinha muitos defeitos, mas de tão pequenos, os considero descartáveis. Também me iludi achando que teria mais tempo de aproveitar todo aquele carinho, aquela sabedoria, aquele amor... Arrependo-me de não ter investido mais tempo com esta mulher tão maravilhosa. Hoje, há tantas perguntas sem respostas, tantos conselhos mudos... Sinto-me muito desprotegida sem a força e a garra desta mulher. Mas não, não posso reclamar ou me lamentar. Jamais. Jamais quero decepcionar uma mulher que mesmo com dois braços quebrados aprendeu a bordar; que tendo três meses de vida, tinha uma esperança infinita de viver; que em seu leito de morte cantou uma última canção ao invés de chorar. Ela se foi com sua fé inabalável, com sua força inconfundível e com sua coragem imensa. Já são tantos anos, mas ainda me pego preparando homenagens  “de dia das mães” para esta mulher que fez muito mais do que me trazer ao mundo.

Thursday, November 1, 2012

Eu gosto do que eu sou

Eu gosto do que me tornei.
Quando me olho no espelho vejo as marcas
Dos caminhos que me levaram até você
Gosto das coisas que li, do que estudei
Gosto do que ainda preciso ler e estudar
Valorizo as pessoas que passaram por minha estrada
E me fizeram bem ou me fizeram mal
Todas me fizeram melhor
Todas me ajudaram a escolher
Um caminho que me levou até você
Eu gosto de ver como fiquei
A tranquilidade, mesmo tendo efrentado
Tempestastes sem ter abrigo firme
A alegria, mesmo tendo visto cenas tristes
Enquanto eu andava sobre pedras
O amor, mesmo vivenciando
Momentos de desesperanças
Eu gosto do que sou
Gosto do que sei e do que eu não sei
O que sei posso compartilhar,
O que não sei você me ensina
A cada dia, a cada momento, a cada respiração