"A migração nordestina para o estado de São Paulo, em especial para a capital, foi um fenômeno social bastante expressivo ao longo do século XX, especificamente a partir da década de 1930, quando o número de imigrantes estrangeiros vindos para São Paulo foi superado pelo número de migrantes nacionais (dos quais a maioria era de nordestinos)" (FERRARI, 2005).
É inaceitável! É inaceitável que algum grupo de GENTE, se sinta superior a outro grupo de GENTE. É inaceitável que, dentro de um mesmo país, onde - felizmente porque há muita beleza nisto - há vários outros países, haja qualquer tipo de discriminação ou preconceito! É inaceitável que um absurdo deste surja de uma pessoa que deveria conhecer leis e contribuir para o seu cumprimento! Já é uma estupidez expor uma opinião infundada. Agora, expor uma opinião que se torne uma atitude xenofóbica é burrice.
Outro dia, um barzinho em São Paulo, "Nord Est", muito conhecido por sua animação e comida boa, recebeu uns estudantes de direito da UniSomeThing. Eles resolveram dar uma escapadinha da aula de legislação. Afinal, o professor abordaria as diversas formas de discriminação e, como já é um assunto batido e eles são gentes espertas, não faria tanta falta...
Todos chegaram bem cedo para garantir um lugarzinho perto do palco. O Trio Virgulino estaria ali logo mais. A última a entrar no bar foi Giselda Walktalk, uma gata muito in-teli-gente que acabou pegando um trânsito horrível e teve que esperar por um táxi, já que era rodízio de seu Eca!Sport. Mas tudo bem, o cearense que dirigia o taxi foi divertidíssimo, contando as mil e uma peripécias da cidade que não dorme nunca.
Ao chegar no bar, Gigi já estava com fome e, antes mesmo das brejas, tratou de pedir ao garçom que providenciasse o famigerado escondidinho de carne seca, especialidade da casa. A moçoila reparou também na presença do gatíssimo Augusto, o cara mais culto da turma. Não teve dúvida: acessou a internet de seu celular e tratou de pesquisar algum assunto interessante no google que pudesse discutir com ele e que a fizesse (ou melhor, que demonstrasse o quanto era) mais inteligente. Imaginou que seria mais fácil falar sobre política. Era o assunto do momento, já que as eleições presidenciais haviam ocorrido no domingo anterior. Gigi estava chateada com os resultados. Parecia uma coisa de pobre ter votado na candidata vitoriosa. Ela não! Ela tinha votado no outro. Muito mais fino, claro. Começou com críticas leves ao modelo político atual e obteve a atenção de todos. Falava como se entedesse daquilo e como se, de alguma forma, pudesse dar alguma contribuição e agregar conhecimento a alguém. Foi então, que o google resolveu lhe pregar uma peça. Mostrou um mapa, todo coloridinho, que mostrava em quais regiões especificamente a candidata havia vencido e cismou de colocar a culpa no nordeste. Primeiro que ela nunca gostou de geografia (e ia muito mal em artes também!); segundo, que ela sempre teve a ideia de que onde havia mais desenvolvimento econômico, havia também mais discernimento; terceiro, que ela não tinha a menor ideia de quantos eleitores havia em cada região: deu besteira. A menina disparou sua acusação contra a região nordeste, levantando ofensas extremamente discriminatórias. Alguns acharam graça, outros concordavam acrescentando outras besteiras, encorajando-a. Gigi se sentiu tão importante que resolveu publicar tais pensamentos no Twitter. Era quase uma Pop Star. Com certeza, Augusto já estaria apaixonado. Porém, para a surpresa de todos, o mocinho levantou-se e foi embora. Uma das amigas levantou a hipótese:
- O apelido dele era Augusto Paraíba. Será que tem a ver?
Do outro lado da Rua, Augusto ligava para um tio influente na OAB de seu estado natal, relatando o ocorrido. Enquanto falava, ria da forma como seus colegas tentavam, dentro do Nord Est, acompanhar o Trio Virgulino no majestoso Forró Rastapé.