Friday, June 12, 2015

Dia dos namorados

Neste dia dos namorados, vi nada de bonito não: Vi foi gente que só serve E outros que são servidos; Vi a mesma cor marginalizada No trabalho pesado, maçante, acabado Enquanto outros comiam do melhor De seu esforço ignorado, oculto, invisível Pelo menos aos cegos do consumismo Que só sabem achar justo aproveitar Eu olhei para o prato e enxerguei O menino que o entregou subindo Não na vida, mas no ônibus lotado, suor na camisa Peso de carregar o mundo nas costas O mundo que quer ser servido por ele, É o mesmo mundo que bate no peito contra cotas E diz que o preconceito é coisa do passado Mas ao contar os servos e servidos Neste mundo aqui pequeno e resumido Só posso ver essa tal constatação: Branquinho é o patrão, o bacana do escritório ou chefão Os serventes ficam como um borrão de uniforme, sem nome Sem voz, sem vez, sacudindo-se como pode Para sobrevivem em um mundo que não foi feito pra eles Feliz dia dos namorados? Que a paixão ultrapasse dois e chegue a abraçar A quem raramente recebe um singelo olhar