Friday, December 20, 2013

Feliz Natal!

Eu gosto do natal! Sou cristã e ao longo de minha vida aprendi vários motivos para isso. Gosto da figura de Jesus. Do Jesus humano. Do Jesus histórico. Do Jesus revolucionário. Foi mais ou menos assim: o mundo estava preso a muitas regras, há tempos e tempos... Havia muitas pessoas julgando o outro, sobretudo os que se diziam detentores da verdade absoluta. Estavam aguardando as “profecias de Deus” acontecerem da forma mais espetacular e grandiosa possível. Os doentes e outras pessoas marginalizadas eram entendidas como merecedoras de seus castigos, de sua vida difícil. Com certeza algo muito abominável deviam ter feito para merecer tal situação. Bom, aí nasce Jesus. Exclusão desde o início. Não havia lugar para ele e, então, o evento que todos pensariam grandioso, foi o mais simples possível. Sinal de que devemos todos ser pobres? Não! Sinal de que não podemos deixar outras pessoas sem um teto, sem um lugar que se sintam seguras; não podemos deixar o outro sem dignidade ou perder o direito ao que é essencial à “vida em abundância”. Depois Jesus cresceu e começou a questionar. Gosto da figura questionadora de Jesus. Ele perguntava o porquê de tantas regras, de tanta exclusão! Por que o sábado devia ser guardado, enquanto muita coisa devia ser feita? Por que apedrejar a prostituta, ao passo que todos somos iguais, com erros e acertos? Eis que surge a lei de ouro da bíblia (especialmente vai para quem se diz seguidor do livro): “Amai-vos uns aos outros como a si mesmo”. Sim! Amar... porque quem ama, respeita, tolera as diferenças, luta em favor do outro, dos menos favorecidos, contra a desigualdade entre as classes. A mensagem era curta, simples e, embora difícil de seguir, de fácil compreensão. Só que começaram a distorcer tudo. Tudo voltou a ser regras e mais regras; “moral e bons costumes” voltaram a imperar e de uma forma mais intensa, mais excludente, mais arrogante. Hoje querem “curar” gays, pregar a prosperidade no melhor molde capitalista de exploração e exclusão, segregar insistentemente os “bons” dos “maus”. Os mesmos que dizem amar esse Jesus, gostariam de ver crianças presas, criminosos mortos, miseráveis mais miseráveis.Desejam o castigo eterno àqueles com outras formas de ver o mundo, outras experiências, crenças e convicções... É um show de incoerência do qual muito me envergonho. Jesus não falou de moralismo; falou de amor gratuito. Jesus não falou de caridade; falou de igualdade, de vida em plenitude e não o “fazer para sobreviver”. Jesus falou de benevolência, não de “bobovolência”; precisamos questionar, entender, lutar por um mundo mais justo e igual. Que neste natal, essas características de Jesus possam brotar em nossos corações. Que o maior presente que possamos dar uns aos outros sejam ações concretas rumo a algo novo, diferente, com menos fronteiras, preconceitos, diferenças... Não esperar um “céu”, mas fazê-lo acontecer agora na Terra. Minhas esperanças se renovam! Feliz Natal!

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