Ontem enquanto dirigia ao som de “Transição”, pensando sobre alguns últimos acontecimentos, chateada e ao mesmo tempo ansiosa por respostas incertas que a vida talvez resolva me dar, o meu sapo Thomas, companheiro de aventuras sob quatro rodas, rompeu seu silêncio e começou a falar. Você é boba mesmo! Assustei-me. Thomas, por que você nunca falou comigo antes? Ah, eu sou mais observador. Gosto de ficar aqui de cima, olhando a luz das estrelas, o movimento bonito dos carros nas ruas, a traquilidade das sombras onde você estaciona e as crianças brincarem no prédio. Aliás, prefiro que você estacione de ré, assim posso ver melhor tudo isso. Eu gostei da simplicidade dele e continuei a conversa. Thomas, mas por que você está me chamando de boba? Minha cara, você está aí angustiada tentando advinhar pensamentos e decisões que não são suas, que fogem ao seu controle. Você já fez isso comigo, trazendo essa Joaninha metida para morar comigo. Não quero saber dela; prefiro paquerar as mariposas que vêm descansar no parabrisa de vez em quando. Aliás, eu acabo as atraindo com meu charme e simpatia. Uma voz final entrou na conversa. Era a Joana. Realmente, ele não quis assumir responsabilidades. Eu já era mãe de algumas joaninhas bagunceiras aqui e ele ainda é um sapo muito jovem para se amarrar.
Fiquei um minuto em silêncio, aguardando o que viria depois. O Thomas conitnuou sua linha de raciocínio: Então, acho que você quer ter controle sobre algo que é impossível. Não podemos mudar ninguém. Só podemos mudar a nós mesmos. Não é possível criar expectativas sobre os outros, mas apenas sobre nós. Pensar que o outro deve agir como nós agiríamos é procurar sofrimento. Mas Thomas, indaguei, eu preciso deixar claro o que eu espero dos outros, não? Sim, você deve. O que não se deve é esperar que, para satisfazer os seus anseios, o outro deixe de satisfazer os próprios. Fiquei mais triste e perguntei: Então tenho aqui um caso perdido, já posso desistir? Você nunca deve desistir do que acredita, mas não pode esperar que o outro se molde a você. O que pode acontecer, mas, por favor, não fique sonhando com isto, é o outro chegar a conclusão de que estar contigo é o maior desejo. Escolher ceder em alguns pontos para estar com você é o que vai fazê-lo feliz. Não queira que sejam feitos sacrifícios dolorosos, penosos, porque isto nunca dará certo. Você também fez isso, cedeu. E não foi doloroso porque o que te fazia verdadeiramente feliz não eram os conceitos nos quais você se agarrava, mas sim, o estar junto e, para isso, houve concessões, mas não sacrifícios, você tinha prazer em agradar.
Fiquei pensando um momento e questionei: Thomas, você acha que eu mereço passar por isso? Ele, muito sereno, prontamente respondeu: Não é questão de merecimento, mas de oportunidade. Oportunidade de ser melhor. Você está vivendo essa história de um lado que nunca tinha vivido antes. Está aprendendo que quando tomamos uma ação, outras pessoas são impactadas. Ninguém é responsável pela felicidade do outro, mas, plagiando um pouco, você é responsável pelo que cativa. Daqui pra frente, você será uma pessoa melhor, com certeza. E mais madura, parará de esperar tanto do outro. Em síntese, Thomas, questionei, o que devo fazer, então? Exercitar o dom da paciência, querida. Nada do que faça mudará qualquer decisão, simplesmente porque a decisão não é sua. As decisões que cabiam a você, já foram feitas e me orgulho disto. Achei que não pudesse.
Minha conclusão foi: Thomas, parece simples, mas é difícil aprender a esperar. Você não me parecia tão teimosa, Thomas elevou um pouco o tom de voz. Acaso não é melhor esperar uma fruta amadurecer a comê-la ainda verde? Dá dor de barriga, até! E, no mais, você já descobriu o grande segredo da vida. Você escolhe ser feliz todos os dias. Independente do que aconteça, sempre será assim. Mesmo que num dia seja mais difícil de sorrir do que em outros, quando você levanta, continue assim, optando pela felicidade. Bom, falei de mais por hoje e isso está me dando uma moleee....zzaaaa... Vou tirar uma soneca. A propósito, gosto desse CD!
Realmente, o Thomas é muito esperto...
Fantástico, Dani. Adorei a escrita e a viagem! haha xD
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