Thursday, November 10, 2011

Eu também quero falar sobre o episódio da USP

Numa guerra há quem esteja  errado ou certo? Não. Óbvio. Cada um defende o que julga ser a verdade. Palavra chata e incômoda. Deveria ser banida de todas as línguas de nossa singela humanidade. Uns se sentem perseguidos; outros que devem perseguir. Mas cada um, cada grupo, com sua inquebrável verdade. Que ilusão pensar que autenticidade existe. Quebrar um prédio, enfrentar polícia, fazer um cartaz e ter um blog (como este, diga-se de passagem)...; Prender alunos, ser da polícia, dar entrevisat e fazer discurso...Ninguém tem um pensamento puro. Refletimos vozes, pensamentos e ideologias. Ninguém, em tempo algum, criou um pensamento único, inédito, puro de influências. O que se faz, todo o tempo é escolher uma corrente, ou um lado, uma estrada. Mas ninguém caminha sozinho. Claro, há quem se sinta vítima de uma perseguição platônica , se sinta um ser só lutando contra o famigerado “sistema”, ignorando de que, com isso, se torna ainda mais parte dele.

Por que sempre querem eleger o lado vencedor e perdedor? Mais uma vez: o certo e o errado? O bom e mau? Quem vai pro céu e quem vai pro inferno? Não gosto de alguns antônimos... São praticamente dêiticos  porque a todo o tempo mudam de lado, mudam de dono, mudam e se confundem. Assim como os conceitos... Nenhum dicionário dá conta de estabelecer significado para o que é distorcido e relativizado em favorecimento próprio. Afinal, o que é segurança? O que é protestar? O que é justiça? Estudiosos vão morrer tentando explicar e nem entre si concordarão. Cada um com sua linha. Ah, sim... E discussões conceituais não vêm de hoje. Com um pouco mais de inteligência os grandes filósofos da era clássica faziam isso. Passavam um bom tempo explorando possibilidades para conceituar os mesmos temas complexos que seguimos pensando entender. E a conclusão mais sensata que um certo Sócrates (não o jogador de futebol) chegou parece esquecida no meio dos grandes conflitos: “só sei que nada sei”.

O que acho mais interessante sobre a VERDADE (dos fatos, das coisas, da história etc etc etc), e agora é a minha vez de mostrar um pouco da minha, mesmo sem ter a intenção de convencer qualquer outro ser-com-suas-verdades a acreditar no que digo, é que se faz muito barulho pra pouca atitude. Sócrates preferiu beber um cálice de veneno para defender o que acreditava.Quem tomaria este cálice por sua verdade? O Governador? A polícia? Os estudantes da USP? Eu?

1 comment:

  1. Não acho que devemos nos preocupar em ser livre de influências, talvez e pessoa que mais se aproximou disso foi Niestche (acho q se escreve assim, he nominho ruim, esse devia ser torturado na escola), até dizia que para escrever teria que parar de ler um bom tempo ante p/ se livrar dos pensamentos dos outros.

    Eu acho que não devemos buscar um pensamento livre de influências. Uma pessoa é inteligente quando consegue fazer a ligação entre as diversas experiências, ensinamentos, fatos, etc. Quanto melhor e mais rápido faz essas ligações mais inteligente ela é. Mas para conseguir fazer as ligações precisa saber, ter conhecimento anterior e, no caso das ciências humanas, esse conhecimento vêm impregnado de ideologias, de influências. A pessoa deve saber o momento de usar cada influência que conhece, qdo é hora de usar Marx e qdo é hora de usar Adan Smith, Darwin, Lula ou FHC.

    Nada é completamente original e as verdades de cada um está impregnada da ideologia de cada um.

    Talvez por isso que goste de direito, podemos ver várias verdades sobre um mesmo fato e escolher aquele com que mais simpatizamos, caso não simpatizemos com nenhum é simples, criamos uma nova verdade.

    As verdades de cada um estão estampadas nas páginas de jornal, nos blogs, nas redes sociais. Para alguns a PM é a vilã, para outros a PM está com saudades da ditadura e decidiu ter um dia de nostalgia. O importante é respeitar a verdade de cada um, desde que não seja o regurgito de idéias mal formadas e repetição de argumentos e frases feitas vazias e sem questionamento. Mostesquieu já dizia há tempos, "não concordo com uma palavra do que diz, mas defenderei com a vida seu direito de dizê-las". Por isso vale a pena morrer, o resto é de se pensar.

    Não concordo com tudo que coloquei no meu blog (textos e outras pessoas), mas achei importante colocar um contra-ponto aos latidos e rosnados dos jovens reacionários que regurgitam frases feitas sem um maior juízo de valor.

    No mais, meu blog se chama Política e Verdade, mas não pense que é a verdade de outro, é a minha verdade, que eu só abro mão se a sua verdade me convencer.

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